Foto: Adalberto Custódio
O nome dele é Alfredo Eduardo Lopez. Em Arapiraca é popularmente conhecido como o Argentino da banca de revistas. Seu estabelecimento é um dos mais freqüentados pela elite intelectual da cidade, deixando de ser apenas um local onde se comercializa jornais ou revistas, mas também, um local onde se troca informações e experiências culturais.
A história deste argentino no Brasil começou a ser escrita em 1985, quando ele tinha 30 anos e resolveu fazer um passeio na cidade de São Paulo. No mesmo período, a psicóloga arapiraquense Maria Irene da Silva também estava naquela cidade, fazendo cursos de especialização na área.
O destino fez os dois se encontrarem, surgindo assim uma amizade em comum. Com pouco tempo, Alfredo e Irene perceberam que a relação entre os dois tinha algo mais que uma simples amizade e começaram a namorar. Alfredo, que era bancário na Argentina, resolveu abdicar da carreira e acompanhar o seu novo amor. Pouco tempo depois os dois resolveram partir em busca de um futuro melhor, chegando a morar na Colômbia, Equador e Bolívia.
A primeira filha do casal veio no ano seguinte. Em 1987 eles resolveram retornar ao Brasil e escolheram morar em Arapiraca, cidade natal de Irene. Pelo fato de ser estrangeiro, Alfredo teve algumas dificuldades para arrumar trabalho nas empresas da época. A saída foi trabalhar em lavouras de fumo que, na época, ainda era o carro-chefe da economia local. Meses depois Alfredo arrumou um emprego para trabalhar como professor de Psicotécnica num curso preparatório para concursos.
Em 1990, na gestão do ex-prefeito José Alexandre, Alfredo Lopez conseguiu um ponto na Praça Luiz Pereira Lima para montar a Banca de Revistas Agla que, no misticismo, significa “vós sois poderoso e eterno senhor”. Como, na época, a presença de estrangeiros na cidade era algo incomum, os arapiraquenses começaram a intitular o estabelecimento de Banca do Argentino, nome cultivado até os dias atuais.
O local bem que poderia ser uma simples banca de revistas se o seu proprietário não a transformasse num mini-centro cultural no centro da cidade. Além de comprar uma revista ou jornal, o cliente também tem a opção de aprender a jogar xadrez, tocar violão e, é claro, jogar uma boa conversa fora.
“A Banca do Argentino é o lugar onde eu me sinto bastante à vontade. Aqui encontro pessoas interessantes e posso discutir os mais variados tipos de assuntos como política, economia, cotidiano, enfim, muita coisa boa. Foi neste lugar onde aprendi a jogar xadrez. Não denomino este lugar de Banca do Argentino, mas sim, o Point do Argentino”, brincou o professor de Filosofia e História, Fábio Tavares.
Alfredo Lopez fala sobre o momento mais difícil
O comerciante Alfredo Lopes comentou sobre um dos momentos mais difíceis vividos pela Banca do Argentino. Em 2009, seu estabelecimento teve que deixar a Praça Luiz Pereira Lima, conhecida como Praça da Prefeitura, e se espremer num pequeno espaço na Rua Fernandes Lima, defronte a Maternidade Nossa Senhora de Fátima, também no centro da cidade. O motivo foi a reforma do logradouro público, iniciada pelo prefeito Luciano Barbosa.
Foram quase dois anos de incertezas e pouco faturamento. Segundo Lopez, as vendas caíram em quase 70% durante o período. Pra agravar ainda mais a situação, o comerciante argentino ainda teve que enfrentar um sério problema de saúde.
“Aquele foi um dos momentos mais difíceis que enfrentei em Arapiraca. Nosso estabelecimento ficou escondido e num local muito pequeno, sem condições de acomodar nossos clientes e amigos freqüentadores”, lamentou Lopez.
Hoje, de volta ao local de origem, a Banca do Argentino vive uma fase de readaptação. Pintura e alguns serviços de acabamento estão sendo realizados no estabelecimento, visando melhor atender o seu público fiel. Alfredo Lopez ainda aguarda ansioso pela construção de um espaço voltado para a prática de jogos de xadrez, prometido pela Prefeitura.
Por falar em fidelidade, o auxiliar de biblioteca, Mario Tairony é um dos clientes mais fiéis da Banca do Argentino. Há anos sendo freqüentador assíduo do local, Tairony diz que ali foi onde comprou o seu primeiro gibi ainda quando era garoto. “Depois da escola, a Banca do Argentino sempre foi o meu local preferido. Aqui eu lia, jogava xadrez e encontrava pessoas inteligentes. O Alfredo foi a pessoa que vendeu o meu primeiro gibi e isso não me esquecerei jamais”, finalizou.
SERVIÇO:
Onde fica: Praça Luiz Pereira Lima, no centro de Arapiraca
Dias de funcionamento: domingo a domingo
Horário: 7h30 às 22h (seg a sex) e 8 ás 12h (dom)
O que encontrar: informação, cultura e gente bacana