sexta-feira, 11 de maio de 2012

O governo planeja um controverso auxílio a mães donas de casa que não matricularem seus filhos em creches



Governo alemão vai remunerar mães que ficarem em casa

O governo de Angela Merkel planeja conceder um auxílio mensal de US$ 199 a pais que não matriculam seus filhos em creches. Os problemas de longo prazo da Alemanha incluem uma população que envelhece e encolhe, imigrantes que não se integram bem à força de trabalho e mulheres que são subempregadas e mal remuneradas. As mulheres alemãs trabalham menos horas do que na maioria dos outros países da OECD e as diferenças salariais, dentro dos países do grupo, só ficam atrás do Japão e da Coreia do Sul. Em parte, isso se deve ao fato de que as mães permanecem em casa. Em 2008, apenas 18% das crianças com menos de três anos frequentavam creches, contra 30% da média da OECD.



Merkel teve que enfrentar aliados da sua base para implementar esse programa. Em seu primeiro mandato, um programa de “bolsa maternidade” cuja meta era estimular as mulheres a serem mães sem que tivessem que abandonar suas carreiras foi posto em prática. Até 2013 os pais terão direito a creche após o primeiro aniversário dos filhos. Boas creches contribuem para que as mulheres conciliem as demandas da carreira e da maternidade, para o crescimento da economia e reduz a desigualdade entre os sexos. Elas podem aumentar até a débil taxa de fertilidade alemã e também oferecem vantagens a filhos de imigrantes, que podem aprender alemão com naturalidade.



De acordo com Monika Queisser, da OECD, a Alemanha é generosa em relação a benefícios em dinheiro e em descontos tributários a famílias, mas investe menos em amparo à criança do que a França e os países nórdicos. Ainda assim, a “bolsa dona de casa” vai na direção contrária. As mulheres serão induzidas a interromper suas carreiras, e a tentação será tanto maior para aquelas que menos podem parar de trabalhar. As crianças que mais precisam de um auxílio escolar permanecerão em casa. De acordo com Utta Allmendinger, presidente do Centro de Pesquisa de Ciência Sociais em Berlim, seria melhor investir esse dinheiro na expansão de creches.



Na verdade, Merkel está procurando atender às ideias tradicionais de maternidade, que ainda são fortes na Alemanha. Apesar do programa ser apoiado pela maioria dos jovens de 18 a 29 anos, a opinião pública global não é tão favorável. A primeira ministra quer agradar ao CSU, o maior partido da Bavária, que insiste que as creches não melhoram os prospectos educacionais das crianças e que pode prejudicá-las emocionalmente. Um modo de tornar o programa mais eficiente é negar o benefício às famílias que já recebem apoio governamental, o que reduziria o risco dos filhos de famílias pobres serem privados de uma educação pré-escolar.